Resiliência: a Arte de Transformar Dificuldades em Aprendizado



( por Rosana)

“Ao final de cada dia, dê o dia por encerrado. Você fez o que podia. Sem dúvida, você comete erros; esqueça-os o mais rapidamente possível. Amanhã é um novo dia; comece-o bem, com serenidade e espírito elevado; não se deixe tolher pelas próprias tolices.”
Ralph Waldo Emerson (1803-1882), EUA

Você certamente já ouviu a expressão “fazer do limão uma limonada”. Essa capacidade que todos temos para transformar dificuldades em aprendizado chama-se resiliência. Ela pode ser entendida como “a capacidade humana para enfrentar, vencer e ser fortalecido ou transformado por uma experiência de adversidade.”(Grotberg, 2005)

Resiliência é um termo ainda pouco conhecido. Na verdade, este é um conceito da Física e da Mecânica para definir materiais com “capacidade de retomar a forma original após ser encurvado, comprimido, esticado. (Webster). É como a mola que após ser comprimida, primeiro se expande e depois volta à sua forma original. Ou como o bambu que se dobra com a ventania, porém não se quebra. A vara do salto em altura também se enverga ao máximo sem quebrar e ainda armazena energia para lançar o atleta para o alto.

“A capacidade de resiliência explica porquê algumas pessoas que sofrem situações dolorosas, ao invés de se tornarem apáticas, revoltadas ou agressivas, conseguem superar as adversidades e se convertem em pessoas ainda melhores e mais saudáveis.”, define a Dra. Ceres Araújo, psicóloga e professora da PUC-SP.

Se sabemos que esta capacidade existe nos seres humanos, por quê nos parece algumas vezes tão difícil acessá-la dentro de nós? Diante de uma situação de profunda dor, decepção ou perda, achamos que não vai ser possível enfrentar. É aquela sensação de sentir-se derrotado, deprimido, como se por dentro estivéssemos sangrando. Algo se rompeu e parece que nunca mais seremos os mesmos. Como lidar com estes revezes sem nos tornarmos pessoas amargas ou até revoltadas com a vida?

Em primeiro lugar, a aceitação. Aceitar que o caminhar pela vida não é muitas vezes andar pelo caminho reto e asfaltado. Nos deparamos frequentemente com pistas estreitas de mão dupla, não asfaltadas, subidas íngremes, buracos e obstáculos pela frente, um verdadeiro rally. Saber que dificuldades e mudanças inesperadas são oportunidades de crescimento nos coloca num outro ângulo de como encarar dificuldades.

Aceitação, no entanto, não significa passividade. Diante do inesperado, é preciso encontrar forças para agir. Isso não quer dizer que não podemos ficar tristes ou sentir medo. Todos nós temos nossas fragilidades, toda mudança provoca em nós uma rejeição em primeira instância. Mudanças e adversidades geram insegurança, medo e desejo de manter tudo como está. Mas a vida nos pede mais, nos pede para sair da nossa zona de conforto para ativar dentro de nós uma força extra, talvez ainda desconhecida, que nos pede para lutar contra nossos medos e inseguranças para o nosso próprio crescimento.

Fingir que um problema não existe não vai resolvê-lo; ignorá-lo vai torná-lo cada vez maior, por isso a necessidade de sairmos da tentação de ficarmos parados ou fingir que nada está acontecendo e partirmos para o enfrentamento, sabendo agir com ética e consciência do que é esperado de nós.

A psicologia já tem estudos para saber que a resiliência pode ser desenvolvida, ou seja, não é privilégio de alguns ter nascido com essa habilidade para lidar com dificuldades, enquanto outros sofrem e se desesperam diante de certas situações. E quais seriam as formas de desenvolver resiliência?

Pretel Job estudou testemunhas do holocausto e descreveu algumas características comuns às pessoas resilientes. Uma das principais características é a auto-estima. Quando temos consciência do nosso valor como pessoa, tudo fica mais fácil. Saber quais são nossas qualidades (e limitações), acreditar na nossa capacidade como indivíduos, independentemente de posses materiais, é ter boa auto-estima.

Além da auto-estima, existem outras qualidades que podemos desenvolver para sermos mais resilientes:

Exercitar o bom-humor: buscar o contentamento, alegria e bom-humor fazem bem à alma, à mente e ao corpo. Entrar em contato com a alegria não é uma tarefa fácil em tempos de crise, por isso a necessidade de exercitá-la. Você pode achar estranho pensar em contentamento quando estamos sofrendo, mas filosofias orientais nos ensinam que não é necessário “somar sofrimentos”, ou seja, não resolve estarmos tristes o tempo todo porque estamos passando por dificuldades.

• Ter amigos: recorrer a um amigo com quem podemos conversar, desabafar e contar o que se passa conosco.

• Ter hobbies: pintar, escrever, fotografar, fazer parte de um grupo social.

• Mentalizar seu projeto de vida, mesmo que não possa ser colocado em prática imediatamente. Sonhar com seu projeto é confortante e reduz a ansiedade

• Aprender com a prática, refletir sobre as situações

• Ter flexibilidade e criatividade

• Aproveitar parte do tempo para ampliar conhecimentos: isso aumenta a auto-confiança.

• Assumir riscos (ter coragem)

Acreditar no sentido da vida: seja através de alguma crença religiosa ou simplesmente acreditar que existe uma Inteligência Superior que rege o Universo.

O auto-conhecimento é um grande aliado quando se trata de superação e enfrentamento. Conhecer nossas capacidades nos ajuda a encontrar forças internas para lutar. Conhecer nossas limitações é importante para sabermos quando pedir ajuda, inclusive um ombro amigo para desabafar e chorar, sem é claro, esperar dos outros que resolvam por nós nossas questões.

O palestrante Tom Coelho, escrevendo sobre resiliência diz : Nós apreciamos o calor porque já sentimos frio. Apreciamos a luz porque já estivemos no escuro. Apreciamos a saúde porque já fomos enfermos. Podemos, pois, experimentar a felicidade porque já conhecemos a tristeza.

Deixo com você alguns pensamentos sobre resiliência para serem lembrados naqueles momentos difícieis:

“Os homens precisam ter problemas, eles são necessários à saúde.”
Carl Gustav Jung (1875-1961), Suíça

“Certamente a virtude é como os aromas precisosos, que são mais fragrantes quando esmagados: a prosperidade prontamente descobre o vício; mas a adversidade logo descobre a virtude.”
Francis Bacon (1561-1626), Inglaterra

“Não penso na angústia, mas penso na beleza de ainda viver.”
Diário de Anne Frank

Os pensamentos foram tirados do livro 1001 Pérolas de Sabedoria - Publifolha

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