‘’Escolho meus amigos não pela pele, mas pelos olhos. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero respostas. Quero meu avesso.Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim. Para isso só sendo louco.Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta, não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.Amigo que não ri junto não sofre junto. Metade bobeira, metade seriedade.Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e a outra velhice! Criança para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem sou, pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.’’
Todas as cartas de amor são Ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor, Como as outras, Ridículas. As cartas de amor, se há amor, Têm de ser Ridículas. Mas, afinal, Só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amor É que são Ridículas. Quem me dera no tempo em que escrevia Sem dar por isso Cartas de amor Ridículas. A verdade é que hoje As minhas memórias Dessas cartas de amor É que são Ridículas. (Todas as palavras esdrúxulas, Como os sentimentos esdrúxulos, São naturalmente Ridículas.)
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