"Antigamente, em maio, eu virava anjo.

A mãe me punha o vestido, as asas,

me encalcava a coroa na cabeça e encomendava:

'Canta alto, espevita as palavras bem'.

Eu levantava vôo rua acima.

Hoje sou um anjo de dia-tarde e noite.

Esvoaçando meus cabelos para mais

tarde praticar boas ações."


Adélia Prado.

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